Advirto aos fãs das obras moderninhas, as que dizem se referir a vampiros, que não prossigam com a leitura, ou poderão cortar seus pulsos. Isento-me de qualquer responsabilidade acerca das conseqüências que a leitura possa trazer, ok?
Assim como milhares de pessoas, sou fã dos vampiros originais. Os vampiros daqueles antigos filmes estrelados pelo ator Bela Lugosi, do livro "Dracula", de Bram Stoker (o primeiro, se não me falha a memória, a tratar do tema) e da entidade original que levava horror tanto às suas vítimas quanto àqueles que tentavam caçá-los. Hoje, tanto em livros como em filmes, me deparo com criaturas puritanas, belas, saradas, que respeitam o ser humano, se abstêm de relacionar-se sexualmente com as vítimas, que possuem poderes estilo X-men, caminham debaixo do Sol, brilham como madrinhas de escola de samba e coisas do tipo.
Ok, cada um é livre para criar o monstro que desejar, atribuir-lhe os poderes que julgar mais adequados à questão, a obra é dele e os personagens criados, de sua responsabilidade, mas não acho prudente deturpar tudo o que, ao longo dos séculos, caracterizou os verdadeiros sugadores de sangue. Dêem outro nome às suas criações, não chamando-os de vampiros, pois não são. Batizem eles com algum outro nome (criem um já que sua mente é tão brilhante), mas se utilizem de um nome que não corresponde às características originais da criatura. Chamar tais coisas de vampiros, para mim, é o mesmo que chamar um cachorro de crocodilo, ou seja, não tem nada a ver o nome com a criatura em questão.
Sim, eles se alimentam de sangue, ok, mas o chupa-cabras (segundo a lenda) também utiliza o fluído em sua dieta, e nem por isso é chamado de vampiro e as sanguessugas (aqueles vermes asquerosos), também. Não vou me limitar apenas em apedrejar essas criaturas, seus fãs ou seus criadores, vou tentar explicar minha visão acerca do assunto.
Primeiro, deixo claro que a lenda dos vampiros vem de séculos e de todos os lugares do mundo, o livro de Stoker apenas tornou essas criaturas populares, certo? Enfim, acredito que os vampiros foram criados (o vampiro original de Bram Stoker, de 1897, para dar como exemplo), segundo a cultura, os padrões e os anseios da época. No caso, as mulheres se sentiam atraídas pelo misterioso, pelo soturno e pelo proibido, não se atendo necessariamente à beleza física da criatura (rostinhos alvos, barrigas tanquinho e por aí vai). Sendo assim, os autores da época procuravam ir de encontro a esses desejos, de forma a criar criaturas que fossem atraentes ao sexo feminino de acordo com o que ele almejava na época. Hoje, com a modernidade, a visão do sexo feminino para com o que lhe é atraente mudou bastante desde aqueles tempos, de forma que os autores contemporâneos continuam criando criaturas que sejam atraentes às mulheres. Ou seja, a visão feminina mudou e os autores procuraram seguir essas mudanças.
Eu, assim como muita gente que conheço, não aprovamos tais mudanças, possuindo fobia dessas criações modernas e sentindo comichões pelo corpo só em ouvir o nome dessas obras. Mantenho-me fãs dos vampiros originais, aqueles que viviam em caixões, corrompiam o corpo e alma de suas vítimas, eram implacáveis para com seus perseguidores e que desejariam um protetor solar FPS 2.000 para poder andar sob o sol. Enfim, são os tempos modernos, e a evolução acabou por dar vida a essas criaturas, que apesar de possuírem o nome, nada têm de vampiros, pelo menos não na minha opinião.
O que me deixa temeroso é imaginar o que ainda está por vir. Se os autores procuram ir de encontro aos anseios femininos na criação desses “vampiros”, não demorará muito para surgirem criaturas que sugam sangue enquanto batucam em um pandeiro ou usam roupinhas coloridas e óculos maiores que a cara.
Que 2012 chegue logo, a profecia Maia se concretize e sejamos poupados de presenciar isso.
Hoje em dia é uma minoria entre o "populacho de saias" as que se sentem atraídas pelo feio, pelo grotesco e pelo soturno (minha esposa deve estar dentro desse índice!), então os livros e filmes atuais não fariam o sucesso que fazem se os protagonistas seguissem essa linha (a antiga) do irlandês Bram Stoker. O problema é que não se descaracterizou somente a aparência, mas o comportamento dos sugadores de sangue, de forma que o que se vê hoje em dia são criaturas que conseguem viver numa boa debaixo do sol, não salivam ao ver uma jugular pulsante, soltam gelo pelas ventas, vivem em flats luxuosos em bairros chiques e até mesmo trabalham para misteriosas organizações que se utilizam de seus dons em prol de algum bem (ou mal) maior.
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