11 outubro 2012

Obras de... horror?


Prisioneiro do Medo


Nosferatu - Prisioneiro do Medo

Houve uma época em que era possível se distinguir melhor os diferentes gêneros cinematográficos, mas hoje a situação parece ter atingido um patamar no qual fica complicado diferenciar uma coisa da outra.



Por exemplo, havia os filmes de terror (hoje denominados horror), os filmes de aventura, de ficção, de comédia e por aí vai, e era mais fácil diferenciar um do outro. Filmes com criaturas aterrorizantes, impreterivelmente, eram filmes de horror e ponto final, qualquer criança era capaz de diferenciar uma coisa da outra.

Hoje a coisa não é mais tão simples, quer ver?

Tenho um filho de quatro anos e que, devido à idade dele, ainda não deixamos que ele assista filmes de horror, por motivos óbvios como pesadelos e coisas do tipo. No entanto ele já assistiu, junto com a mãe dele, a alguns filmes da saga estrelada pelo tal Pattinson. Até então tudo bem, certo?

Outro dia ele viu a propaganda de um filme de horror na televisão e me perguntou se poderia assistir, eu disse que não porque tinha uns bichos feios e ele ficaria com medo, lobisomens e vampiros, para ser mais exato. Então ele rebateu: mas eu já assisti filme com vampiro e lobisomem com minha mãe e não fiquei com medo.

Dá para perceber como fica complexo explicar esse tipo de diferenças?

Por que alguns filmes estrelados por essas criaturas podem ser assistidas por crianças e outras não se, em sua essência, eles possuem os principais ingredientes?

Tentarei divagar sobre tal questão.

Com a recente avacalhação do gênero horror e a banalização dos “personagens clássicos” fica praticamente impossível para um fã que não possua o devido conhecimento distinguir uma coisa da outra (como, no caso, meu filho de quatro anos).

Enquanto compreender esse tipo de coisa fica difícil para faixas etárias como a dele, é até aceitável, mas percebo que há também aqueles que, embora embrenhados dentro de um meio soturno, possuem tal dificuldade.

Quando ainda se levava a coisa a sério personagens como lobisomens, vampiros e outros entes malditos que apenas faziam-se presentes em obras dedicadas ao horror, ficava mais difícil confundir um filme de horror com um conto de fadas, mas hoje a situação é diferente.

Citarei exemplos em que as obras (sucessos de bilheteria) possuem vampiros e lobisomens em seu enredo, criaturas clássicas para os amantes do horror, mas que não podem ser incluídas dentro dessa categoria.

Saga Crepúsculo, por exemplo, ainda que a trama gire em torno das criaturas que já citei, está muito longe de ser um filme de horror. Não há ambientação que remeta ao horror, não há clima para o mesmo e os personagens não se comportam como deveriam, de forma sanguinária e impiedosa, como fariam originalmente. Talvez essas obras possam ser qualificadas como um filme romântico ou uma comédia de mau gosto, mas não como um filme de horror.

Já os filmes da saga Underworld (Anjos da Noite) são outro exemplo. Os personagens principais ainda que sejam bem mais terríveis que os bondosos seres do exemplo anterior e as obras sejam carregadas de escuridão e soturnidade, de modo geral são trabalhos que remetem mais ao gênero da aventura ou da ficção científica do que ao horror.

Resumindo: não é o simples fato de um filme ter em seu elenco criaturas sobrenaturais que faz dele um filme de horror. Os últimos lançamentos, tanto literários quanto cinematográficos, puseram um fim a esse conceito, assim como existam obras espetaculares dentro do horror que também não fazem uso desses entes malditos.

Não basta apenas introduzir um vampiro ou um lobisomem em uma trama para fazer dela uma obra de horror. Esses personagens, pelo menos essa é minha opinião, são apenas ingredientes que devem ser somados a diversos outros para que se crie uma obra razoável.

Prefiro não me aprofundar nessa questão uma vez que meu foco não é dar lições de “como escrever” ou de “como criar um filme”, eu apenas pincelei um pouco sobre essa questão.

Meu desejo é apenas o de exemplificar como um conceito aparentemente tão simples, como qualificar um filme como sendo de horror ou não, acabou se tornando mais complexo, graças às pérolas que fazem sucesso hoje em dia.

Uma coisa, posso dizer com propriedade:

Não, meus caros, Crepúsculo não é filme de horror, certo?

Prisioneiro do Medo

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