10 março 2014

Escrevendo sobre Vampiros, Lobisomens e afins.


Vampiro

Lobisomens e Vampiros estão cada vez mais presentes na literatura, mas algumas "versões" apresentadas para essas criaturas muitas vezes fogem totalmente das antigas lendas das quais são oriundas.

A matéria Lobisomem: A Verdade Sobra a Lenda gerou algumas discussões, especialmente entre escritores do gênero horror que abordam em suas obras a temática do Lobisomem. Eles alegam que o uso da criatividade é livre, e como os lupinos (assim como os vampiros) são meras criaturas lendárias, podem utilizá-los em suas obras da forma que sua imaginação desejar, sem estarem "engessados" a um modelo pré-estipulado ou obrigados a seguir as lendas originais.

Concordo com o ponto de vista dos colegas escritores até mesmo porque no livro Prisioneiro da Eternidade apresentei uma teoria própria para a origem dos vampiros, mas existem casos nos quais os autores fogem tanto do modelo já conhecido, sejam de Lobisomens ou Vampiros, que o que acaba sendo criado se assemelha mais a qualquer outra coisa, menos essas criaturas.

Mas a liberdade de expressão deve ser respeitada e cada um dá vida à criatura que lhe convém,  exatamente por não existir uma cartilha sobre o que é certo e errado, como um Lobisomem ou um Vampiro deve ou não ser. Sendo assim o escritor deve (ou pelo menos deveria) utilizar um pouco de bom senso.

Na minha opinião um escritor deve pesquisar acerca do assunto sobre o qual pretende desenvolver uma obra, seja ele um vampiro, lobisomem, zumbi ou receita de bolo. Pelo menos eu costumo fazer isso para passar credibilidade ao leitor, utilizar informações pertinentes sobre o assunto e seguir uma linha de raciocínio mais lógica (por mais estranho que esse termo possa parecer em relação às criaturas em questão).

Embora algumas bizarrices tenham feito sucesso, como os vampiros purpurinados da Saga Crepúsculo e até mesmo os vampiros X-Men criados por André Vianco, que fogem, e muito, das crenças antigas, procuro manter coerência no que escrevo.

 Não vou criar personagens risíveis em nome da popularidade.

É um parâmetro que tenho. Talvez ele seja um defeito que me freie um pouco a imaginação, não permitindo que eu dê asas à ela de forma mais ampla, mas é uma particularidade minha.

Não consigo "viajar na maionese" como muitos escritores fazem e procuro me ater às visões clássicas, aos "modelos pré-estabelecidos". Lobisomem é Lobisomem, Saci é Saci e Vampiro é Vampiro, simples assim.

Você pode chamar uma pizza de feijoada? Sim, no seu livro você pode escrever o que quiser, mas tem que estar preparado para se tornar motivo de piada.

Quem está certo? Não existe um certo ou um errado, mas sim estilos literários e métodos de criação diferentes. Cada um deles deve ser respeitado, até porque cada um mira em um determinado público-alvo.

A Saga Crepúsculo, por exemplo, não agrada aos fãs de Drácula, de Bram Stoker, e a recíproca é verdadeira. Por quê? Porque são estilos diferentes para o mesmo tipo de lenda. Há quem aprecie o moderno e quem aprecie o clássico.

Quem gosta do estilo moderno acha a obra de Stoker cansativa, monótona e extremamente cruel e quem prefere o clássico considera os livros de Stephenie Meyer melosos, afeminados e ridículos.

Cada macaco no seu galho, como já dizia minha avó.

Querem um exemplo de como uma história envolvendo personagens como Vampiros e Lobisomens pode ser esdrúxula?

Vamos lá.

"Lesnar e Ricko eram dois amigos que dividiam uma cobertura duplex em um refinado bairro da cidade. 

Por isso muitas pessoas acreditavam que se tratasse de um casal gay, mas eles viviam assim pelo fato de terem algumas coisas em comum, principalmente o fato de serem imortais. Não havia nenhuma relação de nível sexual entre eles, eram apenas amigos de longa data.

Sim, Lesnar e Ricko eram um vampiro e um lobisomem, respectivamente.

Mas, ao contrário do que dizem as lendas, não eram criaturas sanguinárias que seguiam pela eternidade ceifando vidas humanas, muito pelo contrário, nas últimas décadas os pratos preferidos deles eram do China in Box e do McDonalds, que pediam pelo delivery quase todos os dias.

Seu Pacheco, dono da mais renomada pizzaria do bairro, era amigo pessoal dos rapazes, que os tinha como clientes vip. Meia marguerita e meia portuguesa, era o pedido de sempre.

Para sorte de ambos a vida eterna se tornou menos enfadonha, graças à Internet, que lhes permitia passar o tempo com coisas nem sempre muito úteis como páginas de relacionamento e sites eróticos.

Lesnar era mais tranquilo quanto ao sexo, mas Ricko era uma masturbador compulsivo que não podia acessar páginas sobre cães sem ficar excitado.

Não precisavam se preocupar com dinheiro, graças à fortuna acumulada no passado, conquistada graças a namoricos com anciãs ricaças que logo comiam capim pela raiz e lhes deixavam gordas heranças.

Resumindo: a vida dos amigos se resumia a comer e navegar na internet. Quem sabe algum dia Deus se compadecesse da alma deles e lhes concedesse um lugarzinho no paraíso?"

Viu como dá para se criar personagens vampíricos e lupinos, cômicos, cujas características em nada se relacionem às lendas dessas criaturas?

É possível criar, mas levar um autor que faz isso a sério, é pedir um pouco demais.

Inicialmente pretendia escrever uma matéria sobre a lenda dos Vampiros e suas origens, porém o assunto é tão rico que renderia um texto muito longo e extenuante para  a leitura, sem contar que pela internet já existem toneladas de material a respeito (muitos péssimos, devo alertar) então limito-me a indicar ao leitor interessado na lenda original dos Vampiros o texto que encontrei na Wikipédia, que abrange diversos parâmetros do tema, desde as lendas primordiais até casos clínicos, e me passou maior credibilidade. Basta clicar no LINK.

Indicar link da Wikipédia parece um tanto piegas, mas diante de algumas matérias esdrúxulas que encontrei, inclusive cópias descaradamente alteradas do texto que estou indicando, opto pelo original.

Boa leitura, informação nunca é demais.




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