10 julho 2012

Horror e Não Terror.


Prisioneiro do Medo

Prisioneiro do Medo

Embora algumas fontes de pesquisa, como o site Wikipédia, informem que os gêneros “horror” e “terror” sejam praticamente a mesma coisa essa denominação se enquadra melhor ao cinema.

No meio literário brasileiro considera-se que ambos são coisas distintas.

Em relação ao cinema, pela capacidade do impacto visual que ele possui, ainda há essa diferenciação, assim como algumas outras, mas na literatura brasileira a situação é diferente e é a ela que me refiro.

Mas qual a diferença entre horror e terror?

Antigamente qualquer texto que abordasse temas relacionados ao sobrenatural era considerado como pertencente ao gênero “terror”, mas com o recente avanço das práticas terroristas, passou-se a considerar os textos sobre fantasmas e afins como pertencentes ao gênero “horror” como uma forma de distinguir uma coisa da outra.

Há a famosa síntese, da qual discordo por se enquadrar melhor em relação ao cinema do que à literatura, que diz "Terror é o sentimento e horror é a imagem repugnante". 

Para mim, esse "horror" ao qual se refere a frase, seria denominado "gore", gênero em que se enquadram esses filmes que exibem sangue e tripas sem a necessidade de um contexto justificável. Seria o sangue por sangue, a intenção de causar nojo e repulsa, e nada tem a ver com o "horror". Esse gênero é mais encontrado no cinema ou qualquer outro tipo de arte visual, e dificilmente é encontrado na literatura, pelo menos não com a mesma carga de mau gosto.

É confuso, mas o enquadramento de gêneros é diferente entre o cinema e a literatura.

Mas o que motivou essa diferenciação?

Acredito que devido ao fato do gênero já ser de certa forma marginalizado entre muitos meios essa diferenciação serviu para que não haja confusão entre as nefastas práticas promovidas por grupos extremistas e os textos relacionados ao sobrenatural que pretendem, ainda que de forma fictícia, levar o medo às pessoas.

Ainda que o terrorismo tenha como objetivo fazer com que seus praticantes atinjam seus anseios também utilizando o mais primordial dos sentimentos humanos, o medo, ele nada tem a ver com as “inocentes” abordagens feitas aos fantasmas, vampiros e toda sorte de criaturas bizarras que se possa imaginar, ou criar.

Ambos os temas estão vinculados ao medo, mas no caso do terror ele não desperta nenhuma simpatia nas pessoas, ao contrário do horror, que possui uma imensa legião de aficionados que aumenta mais a cada dia.

Para facilitar a compreensão acredito que seja mais fácil considerar o gênero horror como um subgênero da literatura fantástica, outro termo recentemente criado, que engloba textos que contem temas e personagens fictícios, mas que ao contrário do horror, não tem como objetivo levar o medo às pessoas.

No gênero da literatura fantástica costumam-se abordar temas imaginários como fadas, mundos criados na mente dos autores, elfos, ogros, etc (como no caso do consagrado J. R. R. Tolkien, para exemplificar) e assuntos do tipo, mas que não possuem algum tipo de especulação científica, pois se assim o fizesse, seria enquadrado no gênero da ficção científica. Ou seja, o gênero trabalha encima do fantástico, do fantasioso.

Não que o gênero horror não aborde criaturas e mundos imaginários, mas ele tem o objetivo de causar horror, pesadelos, ou ao menos reflexões, naqueles que ousam enveredar por seus tortuosos (e muitas vezes nada agradáveis) caminhos.


A linha que diferencia os gêneros horror e terror é bastante tênue, porém, convencionou-se utilizar esses dois termos para que seja possível discernir o medo causado pela possível existência de um vampiro daquele de ser morto por um carro-bomba (por exemplo).

Coisa dos tempos modernos, onde temos que alterar designações para coisas que até certo momento era praticamente a mesma coisa.

Me lembro de minha adolescência, quando ficava acordado até altas horas da noite para assistir a filmes de terror, se fosse hoje em dia eu poderia presenciar o terror nos noticiários a qualquer hora do dia, infelizmente.

Acredito que seja difícil, mas quem sabe algum dia os terroristas desapareçam do planeta e possamos englobar novamente textos como os de Bram Stoker, Anne Rice e etc novamente em uma única denominação: o terror.

Por enquanto, vida longa ao horror e morte ao terror (enquanto ligado ao terrorismo).

Prisioneiro do Medo


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