Novamente cá estou escrevendo sobre o mais primordial dos sentimentos humanos, o medo. Mas por que esse sentimento tão evitado acaba fascinando tanto as pessoas? Essa é uma resposta que dificilmente será encontrada.
A verdade é que o medo fascina, e não só o cinema e a literatura o exploram, mas também a música, tanto que algumas bandas se dedicaram (e se dedicam, ainda) ao tema. Led Zeppelin, Black Sabbath, Iron Maiden, Van Halen, e até mesmo os “engomadinhos” dos Beatles abordaram temas que para muitos são amedrontadores e até mesmo tabus, fazendo explícitas referências a demônios, ocultismo e demais temáticas obscuras seja em suas melodias, letras, capas de discos ou videoclipes.
A verdade é que o medo fascina, e não só o cinema e a literatura o exploram, mas também a música, tanto que algumas bandas se dedicaram (e se dedicam, ainda) ao tema. Led Zeppelin, Black Sabbath, Iron Maiden, Van Halen, e até mesmo os “engomadinhos” dos Beatles abordaram temas que para muitos são amedrontadores e até mesmo tabus, fazendo explícitas referências a demônios, ocultismo e demais temáticas obscuras seja em suas melodias, letras, capas de discos ou videoclipes.
A banda Rolling Stones gravou Sympathy for the Devil, um clássico para os amantes da música que se une a temas obscuros, me desculpe se o demônio se apresentando não se encaixe nessa linha. A verdade é que o gênero foi tão perturbador e fez tanto sucesso que, ainda hoje, certos seguimentos religiosos mais radicais ainda classificam essas bandas como demoníacas, criando verdadeiros “tratados” onde parecem procurar exorcizar a alma dos pobres músicos adoradores do lado escuro da força.
Hoje a temática abrange diversas outras bandas e músicos, dentre os quais destaco Cradle of Filth, Marilyn Manson e as bandas que seguem o estilo conhecido como Black Metal, todos abordando temas obscuros e pavorosos. Ainda que em suas letras a temática não seja claramente reconhecida, basta observar os clipes das músicas, como Sweet Dreams de Marilyn Manson, que é bastante perturbador para os mais desavisados.
Manson, no caso, radicaliza o conceito do sombrio, mantendo um visual bastante chocante no seu dia a dia e inovando em suas performances nos shows. Despertando medo e asco aos que se arriscam a presenciá-los. Mas tais atitudes não são novidade, alguns músicos como Ozzy Osbourne, Alice Cooper, entre outros, já horrorizavam suas platéias com respeitáveis performances repletas de sangue e elementos do horror, mas voltarei aos clássicos, que servem de inspiração aos novos músicos que seguem essa linha.
“Quando estou andando por uma estrada escura
Sou um homem que anda sozinho.”
Trecho da música Fear of the Dark da banda inglesa Iron Maiden (que tem como mascote o pouco horripilante Eddie), ela retrata o medo do escuro, unindo assim os temas da coluna, música e medo do escuro.
“Medo do escuro, medo do escuro
Eu tenho um medo constante de que algo está sempre perto
Medo do escuro, medo do escuro
Eu tenho uma fobia de que alguém está ali.”
O trecho retrata claramente o que se passa no íntimo daqueles que temem a escuridão. A sensação de que algo maligno está à espreita, de que alguma coisa as observa pronta para saltar sobre elas. Seria realmente um sentimento infundado ou há o risco de que ele denuncie um perigo que realmente existe?
Ainda que, quando adultas, muitas pessoas deixem de sentir esse medo do escuro, quando crianças certamente vivenciaram episódios em que o que mais desejavam na vida era uma mísera vela para lhes iluminar o caminho.
Esse pavor da escuridão não é fruto da cultura moderna, ao contrário, ele acompanha a humanidade desde os primórdios de sua existência, talvez pelo fato de um dos sentidos humanos, a visão, ser bastante ineficaz nas situações em que a luz está ausente. Na época das cavernas os homens serviam de caça aos predadores, que em sua grande maioria possuíam hábitos noturnos e, em vista disso, havia a necessidade de que se redobrasse a atenção durante a noite. A noite era temida, e também a escuridão.
Os séculos seguiram, a humanidade evoluiu, mas esse sentimento permaneceu presente no inconsciente coletivo. Durante as guerras, a noite era bastante apropriada para ataques surpresa e aqueles que menosprezavam o poder das trevas noturnas acabavam por pagar um alto preço tendo suas vilas invadidas, suas mulheres estupradas, suas crianças mortas e os homens escravizados. Não que isso não ocorresse durante o dia, também, mas nas sombras a dimensão que os perigos parecem tomar é incomparavelmente maior. Incontáveis são as lendas que surgiram a respeito de entidades e criaturas que vitimavam pessoas com a chegada da noite, o que só aumentou cada vez mais esse pavor das inocentes noites frias. O medo da escuridão se enraizava cada vez mais, e quando assassinos como o célebre Jack – O Estripador, passaram a fazer suas vítimas na calada da noite, o sentimento se encravou ainda mais no íntimo das pessoas.
Mas não parou por aí. Se as pessoas já temiam o escuro, quando livros e filmes do gênero horror lançaram aos olhos do público suas bizarras criaturas que ceifavam vidas e sodomizavam suas vítimas na escuridão noturna, como Vampiros e Lobisomens, o medo do escuro chegou a se tornar uma fobia para muitas pessoas, criando assim a nictofobia (nome que se dá ao medo incontrolável do escuro) Mas o escuro não está somente sob a luz da lua, qualquer lugar cuja iluminação seja precária, ainda que durante o dia, faz nascer o medo até mesmo nos mais valentes.
Militares evitam agir em locais mal iluminados, uma vez que o inimigo pode estar se esgueirando nas sombras e infringir-lhes danos irreparáveis. Realmente há motivos para temer a escuridão uma vez que o inimigo sabe do poder que ela possui. É possível negar que a criminalidade aumenta sobremaneira com o cair da noite? Utilizando ainda a fragilidade que o elemento escuridão impõe à visão devido à ausência da luz, agem com maior tranqüilidade.
Existem pessoas que se negam a dormir com as luzes apagadas, mantendo ao menos um abajur que lhes sirva de porto seguro, temendo serem vítimas das criaturas que espreitam na escuridão de seus armários ou debaixo de suas camas. Geralmente o medo é de abrir os olhos no escuro e ver "algo" ligado ao sobrenatural. Às vezes, o escuro está ligado à morte e, portanto, ao desconhecido ou ao conhecido imaginado.
Mas como toda regra tem sua exceção, existem os que apreciam a escuridão e as músicas ligadas ao horror.
Certas “tribos” realizam suas reuniões em lugares mal iluminados, até mesmo em cemitérios, afirmando que a escuridão lhes traz paz e elimina (ou esconde) o lado maligno das pessoas, deixando transparecer o verdadeiro “eu”. Seguidores de gêneros musicais como o heavy metal idolatram as letras que sugerem temas relacionados ao ocultismo, demonologia e afins, tendo verdadeiros “orgasmos auditivos” ao terem os distorcidos acordes de guitarra captados por seus tímpanos e acompanhando seus refrões como orações que os levam ao êxtase.
As trilhas sonoras de filmes do gênero horror geralmente se baseiam em músicas do gênero clássico que lhes confere a atmosfera sombria necessária, como a Sonata ao Luar de Beethoven e Cavalgada das Valquírias de Richard Wagner só para citar alguns exemplos das clássicas, mas não posso deixar de mencionar Claudia´s Allegro Agitato e Lestat´s Recitative, que fazem parte do filme Entrevista com o Vampiro (1994).
Isso só demonstra que o gênero horror vai além da literatura e do cinema, mas também está inserido dentro da música, de forma que qualquer manifestação artística não o deixa de lado, agradando seus seguidores e aterrorizando os que o temem.
Seja orando veementemente para verem-se livres de encará-lo ou apreciando o frio na espinha e o medo de olhar para o lado, o horror acompanha a humanidade desde os tempos mais antigos, e assim a acompanhará enquanto ela existir. Medo do escuro, infundado ou não, a verdade é que as sombras escondem o que há de mais tenebroso na alma humana e senti-lo, acredito, não é de todo errado.
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