Todos já ouvimos antes de
dormir algum conto de fadas que nos ajudasse a pegar no sono, ou então vimos na
televisão alguma adaptação dessas histórias.
Todas muito meigas e que, ao
seu final, tentam transmitir alguma lição de moral.
Porém, o que nem todos sabem,
é que as versões originais desses contos de fadas não eram tão meigas e nem
sempre transmitiam alguma lição de moral muito louvável, possuindo detalhes que
nos levam a algumas interpretações bastante bizarras.
A maioria dos contos de
fadas eram contos populares originários de vilarejos medievais europeus e
serviam para entreter os adultos e educar as crianças.
Mas por que eles eram tão
horrendos?
Se bem que se formos pensar
dessa forma, a situação atual não está assim tão diferente, nossas crianças
apenas não estão tão propensas ao ataque de lobos, embora existam os Pit Bulls.
Os responsáveis por amenizar
esses contos foram os Irmãos Grimm, que colecionavam contos populares sob a
denominação de Contos de Fadas para
Crianças, principalmente os de origem alemã e francesa.
Porém, para torna-los mais
populares entre as crianças, eles fizeram algumas modificações tornando-os
menos sangrentos. Alguns finais foram alterados, porém alguns deles ainda
mantendo seus originais detalhes sórdidos.
Esses contos modificados acabaram
se tornando populares, fazendo com que as versões originais acabassem sendo
quase esquecidas.
Vamos conhecer então as
versões originais de alguns desses contos.
Cachinhos Dourados.
O conto fala da história da
menina xereta que invade a casa de três ursos com o objetivo de comer seu
mingau, sentar em suas cadeiras e dormir em suas camas.
No final ela acorda, dá de
cara com os ursos raivosos e foge pela janela.
Mas existem dois finais em
sua versão original, datada de 1837: em um deles a menina não consegue escapar
dos ursos e é destroçada e devorada por eles, já no outro a Cachinhos Dourados
não era uma menina, mas sim uma velhinha, que ao tentar fugir pela janela acaba
quebrando o pescoço.
Há, ainda, uma versão mais
recente, onde a invasora acaba sendo presa, acusada de invasão de domicílio.
Chapeuzinho Vermelho.
A história da menina que,
enquanto vai até a casa da vovozinha, se depara com o Lobo Mau, é bastante
conhecida.
A menina conta ao lobo, com
quem encontra no caminho, que está indo para a casa da velhinha levar-lhe
guloseimas preparadas pela mãe e, ao chagar lá, se depara com o malvadão que
pretende devorá-las.
Por sorte um caçador aparece
e dá fim ao lobo, salvando a neta e a vovó.
Devido à sua popularidade
esse conto possui diversos finais, muito mais cruéis do que esse e, na maioria,
a menina e a avó não se dão bem.
Na versão de Charles
Perrault, por exemplo, uma mocinha bem criada pede que o Lobo Mau a ensine como
chegar à casa da vovó, mas ele lhe ensina o caminho errado, monta uma tocaia e
acaba devorando-a.
Em uma mais antiga o lobo
chega primeiro na casa da vovozinha, a mata e prepara um jantar com sua carne.
O jantar é saboreado por ele e pela Chapeuzinho Vermelho. Depois de ambos se
banquetearem com o cozido de anciã, a menina acaba se tornando a "sobremesa".
Existe até mesmo uma versão
mais hot, onde a mocinha faz um strip-tease para o Lobo Mau e acaba fugindo
enquanto ele se distrai.
Imaginemos então como que o
lupino estava se distraindo...
Cinderella.
Na história que se tornou
famosa a meiga e bondosa Cinderella é uma moça obrigada por sua madrasta a
fazer todos os serviços domésticos, enquanto ela e as suas filhas se ocupam com
futilidades.
Graças a uma Fada Madrinha
ela vai ao baile real, se encanta com o príncipe, mas tem que ir embora antes
da meia-noite. Na correria ela perde seu sapatinho mágico e, graças a ele, o
príncipe a encontra, eles se casam, e todos vivem felizes para sempre.
Existem versões para esse
conto em todas as partes do mundo, até mesmo na China, mas nas versões mais
antigas a Cinderella não tem nada de meiga. Ela assassina sua primeira madrasta
para que, assim, o pai se case com a empregada, que acaba se tornando a
madrasta má.
O desenrolar da história
segue então como o conhecido, até o momento em que o príncipe chega à casa da
Cinderella: suas irmãs más cortam os próprios dedos e calcanhares para que os
pés caibam no sapatinho encantado e, diante de tamanha bizarrice, passarinhos
entram pela janela e bicam seus olhos até cegá-las.
Branca de Neve.
Sendo um dos contos de fadas
mais famosos, a história não foge do clichê de que a menina linda, boa e meiga
sofre nas mãos de uma madrasta má.
Diante da maldade da rainha
ela foge para a floresta e encontra refúgio na casa dos sete anões, mas é
enganada pela madrasta/rainha/bruxa e come uma maçã envenenada.
Os anões já estão prestes a
sepultá-la quando um belo príncipe passa por seu caixão e resolve beijá-la,
despertando-a do feitiço e casando-se com ela.
Não entendo por que alguém
decidiria beijar um cadáver, muito menos um que sequer conhece, mas enfim...
Porém, de acordo com a
versão original, alguns detalhes foram omitidos pela Disney como o fato de que
o caçador enviado a mando da rainha para matar a Branca de Neve deveria
apoderar-se de alguns de seus órgãos para que a rainha os jantasse.
E não existe a história do
beijo apaixonado, na realidade, o príncipe coloca a bela mocinha desfalecida na
garupa de seu cavalo e esta desperta com o galope.
O que o príncipe faria com o
cadáver de uma bela moçoila eu deixo a cargo da imaginação mórbida do leitor.
A vilã da história tem um
final bastante cruel: ela é obrigada a dançar até a morte, mas calçando sapatos
de ferro em brasa.
Ainda bem que os Irmãos Grimm deram uma adocicada nos contos de fadas porque de duas uma: ou não teríamos historinhas para contar aos nossos filhos antes de eles dormirem ou ele cresceriam meio traumatizados (ou mais realistas).
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