Você já ouviu falar de Bruno Amadio?
Principalmente aqui no Brasil existe uma famosa lenda urbana relacionada
a ele.
Não sou de escrever ou dar crédito a lendas urbanas, mas como me recordo
de ter vivenciado a época em que essa lenda se propagou por todos os cantos,
resolvi escrever sobre ela.
Diz a lenda que o pintor italiano Bruno Amadio, por nunca ter conseguido
fazer sucesso com seus quadros, estava passando por grandes dificuldades financeiras.
Sem saber o que fazer para honrar com suas dívidas, Amadio decidiu fazer um
pacto com o Diabo e mudar essa situação.
Mas, nesse pacto, o pintor não entregou sua alma ao senhor das trevas,
mas sim, a alma de todo aquele que adquirisse uma de suas obras.
Passando a usar o pseudônimo Giovanni Bragolin, Bruno deixou de pintar
crianças felizes e, ao invés disso, começou a retratar crianças chorando.
Sua coleção de obras compreende mais se sessenta pinturas e foram
criadas entre os anos de 1970 e 1980.
Essas pinturas fizeram muito sucesso durante a década de oitenta, como
já disse, e era difícil não encontrar uma casa onde alguma delas não estivesse
presente.
Uma tia da minha mãe, que morava no interior, tinha um desses quadros e
seguiu as recomendações dadas pelo seu criador, como veremos mais adiante.
Bruno conseguiu o sucesso que tanto almejara.
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Bragolin pintando |
Mas por que crianças chorando? Com tantas coisas mais belas para serem retratadas por que o pintor escolhera tão triste tema?
Obras que despertavam compaixão nos adultos e
uma estranha angústia nas crianças, que pareciam sentir o sofrimento daquelas
retratadas nas pinturas.
O motivo estava subliminarmente impresso em cada um desses quadros.
Bragolin assumiu que muitas daquelas crianças
retratadas nas pinturas, na maioria das vezes, eram cadáveres.
A consciência do pintor pesou e, arrependido,
ele revelou o mistério que cercava suas tão populares obras.
Bragolin confessou, também, que de acordo com o
pacto feito com o Diabo, seus quadros trariam destruição física e emocional a quem possuísse algum deles.
Cópias dos originais eram vendidas pelo mundo todo, a preços relativamente baixos, e isso levou-o ao desespero.
O pintor implorou, então, para que todos os quadros fossem
queimados o quanto antes.
É possível constatar que ele dizia a verdade. Em muitos dos quadros é pode-se perceber as pupilas estranhamente dilatadas das crianças, o que indica que estariam realmente mortas, ou sob o efeito de alguma droga, como no caso abaixo:
Segundo Bruno, ou Giovanni se preferir,
tratavam-se de crianças reais, roubadas de suas famílias, encomendadas ao Diabo
e, quando foram pintadas, muitas já estavam mortas por não terem suportado as
agressões a que eram submetidas.
Agressões essas para que expressassem a dor e o sofrimento
presente nos quadros.
Mas suas pinturas traziam muito mais que as crianças. Veja no quadro abaixo que é possível identificar a presença de rostos demoníacos cercando a criança:
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Clique na imagem e a amplie para melhor visualização |
Ou, em um caso anda mais bizarro, consegue-se perceber a ausência de um dos olhos do garoto da foto...
A lenda diz ainda que Bruno, após a guerra (não
me pergunte qual) fugiu para a Espanha e que essas crianças que ilustram suas
obras eram de um orfanato local. Orfanato esse que misteriosamente foi
destruído por um incêndio.
Sim, via de regra, os locais que possuíam algum de seus quadros eram vitimados por inexplicáveis incêndios.
Mas seriam essas histórias apenas lendas ou poderiam
ser verdadeiras?
Na cidade de Rotherham, Inglaterra, uma casa
foi incendiada no verão de 1985 e seu andar térreo foi quase totalmente
destruído. Porém, em meio aos escombros, um bombeiro encontrou, intacto, um dos
quadros de Bragolin. O mais curioso foi o fato dos próprios bombeiros relatarem
que em outros incêndios atendidos por eles o mesmo acontecera: em meio à
destruição total o único artefato que resistia às chamas era algum dos “quadros das
crianças chorando”.
Na época do acontecimento o jornal britânico
The Sun (muito famoso por seu sensacionalismo barato) noticiou a história e fez com que a
lenda se alastrasse por todo o país.
Muitas pessoas escreviam para o jornal
relatando tragédias nas quais os misteriosos quadros estavam envolvidos: na
maioria das vezes incêndios inexplicáveis.
Obviamente, esses relatos não eram provenientes
de fontes seguras, de forma que não era confirmada a veracidade dos mesmos, por
isso ainda hoje trata-se o tema como lenda urbana.
Mas tamanha foi a histeria causada pela história, principalmente pelo fato dos quadros estarem presentes em muitos lares ingleses, que organizou-se eventos em praças públicas para que eles fossem queimados, como noticiado abaixo:
No Brasil essa lenda se espalhou através de uma suposta
entrevista que Bruno Amadio teria concedido ao programa dominical Fantástico,
onde assumia ter feito o tal pacto e pedia que todos os quadros fossem destruídos.
Estranhamente, não existe qualquer registro de
tal entrevista, mas visto que na época não existia internet, muito menos
aparelhos celulares e os telefones convencionais eram artigo de luxo, para a
lenda ter alcançado todo o Brasil de forma tão rápida e com tanta credibilidade
é provável que tenha sido noticiada em um programa de tal magnitude (na época o
Fantástico era programa obrigatório no final das noites de domingo).
Se e lenda dos Quadros das Crianças que Choram
é verdadeira, não sei dizer, não conheço nenhuma desgraça que tenha acontecido
por causa deles.
Mas me recordo de que algo a respeito foi
veiculado no Fantástico (ainda que eu tivesse uns nove anos de idade), mas não
sei dizer se foi uma entrevista. Só sei que naquela época fui visitar a tal tia
da minha mãe e ela mencionou, cochichando, que tinha um dos tais quadros.
O quadro que ela tinha era como esse:
Claro que ficamos curiosos para vê-lo, e assim
o fizemos, mas em um “quartinho de despejo” que ela tinha no fundo do quintal.
Sim, o quadro estava lá abandonado, escondido, à espera da fogueira...
Abaixo, mais alguns trabalhos da coleção Os Quadros das Crianças Que Choram, de Giovanni Bragolin...
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