30 abril 2014

Drácula de Bram Stoker - minha análise.


Drácula Bram Stoker

Acredito que todo aquele que se interesse pelo tema “vampiro” já ao menos tenha ouvido falar do livro Drácula, escrito pelo irlandês Bram Stoker, em 1897.

Tamanha é a popularidade da obra que ela é uma das que foram traduzidas para o maior número de idiomas, depois da Bíblia.

Mas se você, por algum motivo, desconhece a obra, farei um breve resumo da mesma.

O livro traz a história do líder romeno Vlad Tepes (Drácula), que aceitou defender a igreja cristã contra o ataque dos turcos. Vitorioso, acaba sendo vítima de um macabro e vingativo plano inimigo: Elisabetha, sua noiva, recebera uma carta com a falsa notícia de que ele morrera em batalha. Desiludida, ela se atirou em um rio e sendo assim, por ter se suicidado, sua alma não encontrará a salvação. Ao retornar da guerra Vlad fica ciente do que aconteceu e, revoltando-se, renega Deus e a Igreja e jura que a partir de então se alimentará somente de sangue humano.

Quatro séculos se passam e Tepes descobre que sua amada Elizabetha reencarnou e que agora vive em Londres com o nome de Wilhelmina Murray (Mina). Ele decide então pôr em prática seu pano de reencontrá-la.
Jonathan Harker, então noivo de Mina, é designado a ir até a Transilvânia encontrar-se com o conda para que fechem um grande negócio imobiliário. O que ele não imagina é que tudo já faz parte dos planos do vampiro.
A partir de então se desenvolve toda a história, com o Conde Drácula não medindo esforços para obter novamente o amor de Elizabetha (reencarnada como Mina), enquanto seu noivo Jonathan, com a ajuda de Abrahan van Helsing, luta para impedir que o vampiro concretize seus planos.
O livro é narrado de forma que os personagens principais relatem o que vivenciaram cada qual sob seu ponto de vista.
Trata-se de um romance epistolar, ou seja, uma obra que conta uma história através de cartas, notícias de jornais e anotações em diários. Isso faz da obra um verdadeiro quebra-cabeças que gradativamente vai sendo montado até o desfecho final. Não sendo uma narrativa linear como normalmente se encontra nos livros.
Vale lembrar, ainda, que o livro é um romance da época vitoriana que tem como característica a linha básica de que os mocinhos vencem no final, o amor vence o mal e os vilões são derrotados.

Drácula Bram Stoker Livro

Ok, agora que já apresentei a obra poderei iniciar minhas considerações.
Advirto que seria mais aconselhável ter lido o livro para poder acompanhar minhas linhas de raciocínio e daí concordar ou não com elas e que o texto pode conter spoillers.
“Mas eu já assisti o filme”.
Sim, o filme é muito bom, entretanto devo informar que ele não traz a mesma intensidade conferida aos personagens e, pasme, o final é ligeiramente diferente.
Ainda que o autor tenha criado o personagem Drácula como sendo o vilão da história ele só obteve êxito em seus planos graças às fraquezas dos outros personagens.
Analisarei os principais.
Jonathan Harker almejava o êxito profissional, na esperança de poder dar à sua noiva Wilhelmina uma vida de luxo, a qual estava acostumada. Aceitou, então, a incumbência de viajar até a Romênia e fechar um grande negócio imobiliário com o Conde Drácula, mesmo sabendo que Renfield, corretor que fora até lá antes dele, retornara totalmente atormentado, a ponto de se alimentar exclusivamente se insetos e está internado em um manicômio.
Lucy Westenra, a melhor amiga de Wilhelmina que a hospeda em sua mansão até que Harker retorne de viagem. No livro é tratada como uma moça espirituosa e viçosa, de palavras fáceis. Hoje em dia ela facilmente seria caracterizada como uma patricinha piriguete, na melhor das hipóteses. Tinha três pretendentes a noivo e, visivelmente, brincava com o sentimento dos três. Diante desse seu caráter não foi difícil para que Drácula a seduzisse e a transformasse em uma vampira.
Wilhelmina Harker, mais conhecida como Mina, é a reencarnação de Elizabetha, a suicida. Agora como noiva de Jonathan, só aguardava seu retorno da Romênia para que se casassem. Porém, ao encontrar-se com Drácula e este se apresentar como sendo um príncipe ficou nítido que ela passou a olhá-lo com interesse, tanto que passou a aceitar seus convites para que se encontrassem. E somente quando recebeu notícias do noivo foi que ela decidiu pôr um ponto final à relação que mantinha com o conde. Mas, mesmo sabendo que o príncipe encantado era um vampiro aceitou amá-lo e ser transformada por ele.
Vlad Tepes, o Drácula. Assumiu a missão de defender seu país contra os invasores turcos, e consequentemente também a Igreja. Foi vítima de ardilosa maldade do inimigo e, revoltado com tudo e todos, adentrou o reino das sombras dedicando-se a martirizar pessoas em prol do seu prazer e, principalmente, obter o sangue do qual se alimentava. No livro não se encontra o amor que ele diz ter por sua amada Elizabetha, como retrata o filme de 1992. Mas, ainda que seu amor pela finada tenha durado quatro séculos, isso não o impediu de manter belas vampiras em seu castelo para que o acompanhassem e de seduzir Lucy, a melhor amiga de sua amada reencarnada.
Abraham van Helsing, o famigerado “caçador de vampiros”, foi o personagem criado para dar as explicações necessárias ao livro. Não que o mito vampírico tenha sido esmiuçado como muitos que atualmente adquirem o livro esperam, mas deu alguma luz a todos os fenômenos encontrados na obra. Formal e excêntrico, se dedicava aos estudos de doenças pouco conhecidas. Posteriormente se descobre que já tinha Drácula em sua lista de alvos.
Dr. Jack Seward, Quincey P. Morris e Lord Arthur Holmwood são os três pretendentes de Lucy Westenra, mas Vlad Tepes chega na frente dos três e a seduz primeiro. Dr. Seward é médico no manicômio onde Renfield está internado, Quincey Morris é um texano perdido em Londres e que se encanta pela moçoila e Lord Holmwood foi, enfim, o escolhido por Lucy. O interessante sobre esses personagens é que diante da enfermidade do objeto de desejo que possuem em comum eles se unem em prol da sua recuperação, mesmo não tendo obtido o êxito esperado.
A pergunta que fica ao término do livro é: será que Jonatham ainda continuou casado com Mina mesmo sabendo que ela amava loucamente o agora finado conde?
Não sei se concorda ou não, mas essas são minhas impressões acerca dos personagens.
Há quem se apaixone pelo livro, assim como há quem o odeie.
Como escritor já publiquei vários livros sobre o tema, e em alguns deles apresentei uma visão nova sobre a origem dos vampiros, mas sem extrapolar os limites do bom senso e descaracterizá-los.
Considero Drácula de Bram Stoker como sendo o “livro original e definitivo sobre vampiros” por retratá-los da forma como todos deveriam encará-los: criaturas cruéis e que não se preocupam com nada além de si. Como disse, o filme se aprofunda no amor que o Conde ter por Mina, coisa que o livro não faz. Ou seja, o filme confere ao vampiro sentimentos que Stoker não incluiu no perfil de Drácula.
Hoje deturpa-se o mito vampírico para que se crie histórias cheias de romantismo, atribuindo às criaturas características que em nada correspondem ao mito original, como nas obras “crepusculianas”, mas a obra de 1992 fez isso, embora não de forma muito exagerada.
Obviamente o livro não é a primeira referência aos vampiros, uma vez que existem lendas sobre eles já há muitos séculos, porém, em se tratando de romance, ele foi o primeiro, e deve ser respeitado como tal.
Recomendo tanto a obra literária quanto a cinematográfica, mas acredito que ambos devem ser conhecidos, para que não se tenha uma visão deturpada do vampiro em questão.




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