Acredito que todo aquele que se interesse pelo tema “vampiro” já ao
menos tenha ouvido falar do livro Drácula, escrito pelo irlandês Bram Stoker,
em 1897.
Tamanha é a popularidade da obra que ela é uma das que foram traduzidas para o maior número de idiomas, depois da Bíblia.
Mas se você, por algum motivo, desconhece a obra, farei um breve resumo da mesma.
Tamanha é a popularidade da obra que ela é uma das que foram traduzidas para o maior número de idiomas, depois da Bíblia.
Mas se você, por algum motivo, desconhece a obra, farei um breve resumo da mesma.
Quatro séculos se passam e Tepes descobre que sua amada Elizabetha reencarnou e que agora vive em Londres com o nome de Wilhelmina Murray (Mina). Ele decide então pôr em prática seu pano de reencontrá-la.
Jonathan Harker, então noivo de Mina, é designado a ir até a
Transilvânia encontrar-se com o conda para que fechem um grande negócio
imobiliário. O que ele não imagina é que tudo já faz parte dos planos do
vampiro.
A partir de então se desenvolve toda a história, com o Conde Drácula não
medindo esforços para obter novamente o amor de Elizabetha (reencarnada como
Mina), enquanto seu noivo Jonathan, com a ajuda de Abrahan van Helsing,
luta para impedir que o vampiro concretize seus planos.
O livro é narrado de forma que os personagens principais relatem o que
vivenciaram cada qual sob seu ponto de vista.
Trata-se de um romance epistolar, ou seja, uma obra que conta uma
história através de cartas, notícias de jornais e anotações em diários. Isso
faz da obra um verdadeiro quebra-cabeças que gradativamente vai sendo montado
até o desfecho final. Não sendo uma narrativa linear como normalmente se
encontra nos livros.
Vale lembrar, ainda, que o livro é um romance da época vitoriana que tem
como característica a linha básica de que os mocinhos vencem no final, o amor
vence o mal e os vilões são derrotados.
Ok, agora que já apresentei a obra poderei iniciar minhas considerações.
Advirto que seria mais aconselhável ter lido o livro para poder
acompanhar minhas linhas de raciocínio e daí concordar ou não com elas e que o
texto pode conter spoillers.
“Mas eu já assisti o filme”.
Sim, o filme é muito bom, entretanto devo informar que ele não traz a
mesma intensidade conferida aos personagens e, pasme, o final é ligeiramente
diferente.
Ainda que o autor tenha criado o personagem Drácula como sendo o vilão
da história ele só obteve êxito em seus planos graças às fraquezas dos outros
personagens.
Analisarei os principais.
Jonathan Harker almejava o êxito profissional, na esperança de poder dar
à sua noiva Wilhelmina uma vida de luxo, a qual estava acostumada. Aceitou,
então, a incumbência de viajar até a Romênia e fechar um grande negócio
imobiliário com o Conde Drácula, mesmo sabendo que Renfield, corretor que fora
até lá antes dele, retornara totalmente atormentado, a ponto de se alimentar
exclusivamente se insetos e está internado em um manicômio.
Lucy Westenra, a melhor amiga de Wilhelmina que a hospeda em sua mansão
até que Harker retorne de viagem. No livro é tratada como uma moça espirituosa
e viçosa, de palavras fáceis. Hoje em dia ela facilmente seria caracterizada
como uma patricinha piriguete, na melhor das hipóteses. Tinha três pretendentes
a noivo e, visivelmente, brincava com o sentimento dos três. Diante desse seu
caráter não foi difícil para que Drácula a seduzisse e a transformasse em uma
vampira.
Wilhelmina Harker, mais conhecida como Mina, é a reencarnação de Elizabetha,
a suicida. Agora como noiva de Jonathan, só aguardava seu retorno da Romênia
para que se casassem. Porém, ao encontrar-se com Drácula e este se apresentar
como sendo um príncipe ficou nítido que ela passou a olhá-lo com interesse,
tanto que passou a aceitar seus convites para que se encontrassem. E somente
quando recebeu notícias do noivo foi que ela decidiu pôr um ponto final à
relação que mantinha com o conde. Mas, mesmo sabendo que o príncipe encantado
era um vampiro aceitou amá-lo e ser transformada por ele.
Vlad Tepes, o Drácula. Assumiu a missão de defender seu país contra os
invasores turcos, e consequentemente também a Igreja. Foi vítima de ardilosa
maldade do inimigo e, revoltado com tudo e todos, adentrou o reino das sombras
dedicando-se a martirizar pessoas em prol do seu prazer e, principalmente,
obter o sangue do qual se alimentava. No livro não se encontra o amor que ele
diz ter por sua amada Elizabetha, como retrata o filme de 1992. Mas, ainda que
seu amor pela finada tenha durado quatro séculos, isso não o impediu de manter
belas vampiras em seu castelo para que o acompanhassem e de seduzir Lucy, a
melhor amiga de sua amada reencarnada.
Abraham van Helsing, o famigerado “caçador de vampiros”, foi o
personagem criado para dar as explicações necessárias ao livro. Não que o mito
vampírico tenha sido esmiuçado como muitos que atualmente adquirem o livro
esperam, mas deu alguma luz a todos os fenômenos encontrados na obra. Formal e
excêntrico, se dedicava aos estudos de doenças pouco conhecidas. Posteriormente
se descobre que já tinha Drácula em sua lista de alvos.
Dr. Jack Seward, Quincey P. Morris e Lord Arthur Holmwood são os três
pretendentes de Lucy Westenra, mas Vlad Tepes chega na frente dos três e a
seduz primeiro. Dr. Seward é médico no manicômio onde Renfield está internado,
Quincey Morris é um texano perdido em Londres e que se encanta pela moçoila e
Lord Holmwood foi, enfim, o escolhido por Lucy. O interessante sobre esses
personagens é que diante da enfermidade do objeto de desejo que possuem em
comum eles se unem em prol da sua recuperação, mesmo não tendo obtido o êxito
esperado.
A pergunta que fica ao término do livro é: será que Jonatham ainda
continuou casado com Mina mesmo sabendo que ela amava loucamente o agora finado
conde?
Não sei se concorda ou não, mas essas são minhas impressões acerca dos
personagens.
Há quem se apaixone pelo livro, assim como há quem o odeie.
Como escritor já publiquei vários livros sobre o tema, e em alguns deles
apresentei uma visão nova sobre a origem dos vampiros, mas sem extrapolar os
limites do bom senso e descaracterizá-los.
Considero Drácula de Bram Stoker como sendo o “livro original e
definitivo sobre vampiros” por retratá-los da forma como todos deveriam
encará-los: criaturas cruéis e que não se preocupam com nada além de si. Como
disse, o filme se aprofunda no amor que o Conde ter por Mina, coisa que o livro
não faz. Ou seja, o filme confere ao vampiro sentimentos que Stoker não incluiu
no perfil de Drácula.
Hoje deturpa-se o mito vampírico para que se crie histórias cheias de
romantismo, atribuindo às criaturas características que em nada correspondem ao
mito original, como nas obras “crepusculianas”, mas a obra de 1992 fez isso,
embora não de forma muito exagerada.
Obviamente o livro não é a primeira referência aos vampiros, uma vez que
existem lendas sobre eles já há muitos séculos, porém, em se tratando de
romance, ele foi o primeiro, e deve ser respeitado como tal.
Recomendo tanto a obra literária quanto a cinematográfica, mas acredito
que ambos devem ser conhecidos, para que não se tenha uma visão deturpada do
vampiro em questão.
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