A ideia de que possam existir entidades malignas capazes de transformar
uma pessoa doce e inocente em algo profundamente maligno tira o sono de muita
gente.
Esse temor, fortemente presente na Idade Média, mas que posteriormente foi um pouco esquecido, ganhou novo fôlego com a ajuda do cinema graças a filmes como O Exorcista e O Ritual, entre tantos outros.
Existem mesmo motivos para que as pessoas se preocupem?
Esse temor, fortemente presente na Idade Média, mas que posteriormente foi um pouco esquecido, ganhou novo fôlego com a ajuda do cinema graças a filmes como O Exorcista e O Ritual, entre tantos outros.
Existem mesmo motivos para que as pessoas se preocupem?
O que ou quem são os demônios? Eles existem realmente?
De acordo com a maioria das religiões cristãs os demônios, ou
espíritos impuros, são anjos caídos que foram expulsos do Paraíso, conforme relata
o livro do Apocalipse (12:7-9) e que desde então lutam em prol da perdição humana.
Lúcifer (cujo nome em hebraico é Heilel Bem-Sachar, e que etmologicamente significa “Estrela
da Manhã” ou “Portador da Luz”) é o mais poderoso dentre eles. Originalmente era
o mais elevado dos seres celestiais e gozava da total confiança de Deus. Mas, tomado pela
sede de poder, Lúcifer tentou assumir o lugar do Criador e foi expulso do Paraíso
pelo anjo Miguel, sendo banido para a Terra e passando então a ser conhecido como Belzebu,
dentre diversos outros nomes.
Porém, não foi apenas Lúcifer quem foi expulso do Céu, mas também
todos os demais anjos que o apoiaram na “guerra celestial”. Segundo relata o
livro do Apocalipse, nada menos que um terço deles foram banidos. Estes são conhecidos
como “demônios menores” e são todos subordinados a Lúcifer.
O Catecismo da Igreja Católica fala especificamente sobre a queda dos
anjos a partir do número 391:
"Por
trás da opção de desobediência de nossos primeiros pais há uma voz sedutora que
se opõe a Deus e que, por inveja, os faz cair na morte. A Escritura e a
Tradição da Igreja veem nesse ser um anjo destronado, chamado Satanás ou Diabo.
[...] A Escritura fala de um pecado desses anjos. Essa queda consiste na opção
livre desses espíritos criados, que rejeitaram radical e irrevogavelmente a
Deus e seu Reino. [...] É o caráter irrevogável de sua opção, e não uma
deficiência da infinita misericórdia divina, que faz com que o pecado dos anjos
não possa ser perdoado. Não existe arrependimento para eles depois da queda,
como não existe para os homens após a morte. [...] A Escritura atesta a
influência nefasta daquele que Jesus chama "o homicida desde o
princípio"... [...] A mais grave dessas obras devido às suas
consequências, foi a sedução mentirosa que induziu o homem a desobedecer a
Deus."
Essa é a visão que quase toda a civilização ocidental possui a
respeito dos demônios, relatada pela Bíblia, o livro no qual se baseiam as
religiões ocidentais.
Mas existem outras denominações para essas entidades.
Por exemplo, para os judeus os
demônios são seres meio-humanos e meio-espíritos, criados após o homem, que
possuem a capacidade de reproduzir-se e não sendo necessariamente maus, podendo
até mesmo serem bons, mas que possuem uma natureza incompleta e cujos atos tendem
ao caos.
Já para os islâmicos, os demônios são conhecidos como
jiins ou djins, que coexistem com os humanos e são chefiados por Iblis,
entidade correspondente ao Lúcifer dos cristãos. Inclusive a história acerca da origem de ambos é praticamente a mesma.
Durante a Idade Média havia uma forte crença na existência dos
demônios. Qualquer manifestação que não pudesse ser explicada pela ciência era
atribuída à presença ou à influência demoníaca. Resumindo: eram-lhes atribuídos
todos os aspectos ruins da natureza humana, negando que os “filhos de Deus”
fossem capazes de ter comportamentos deploráveis.
Demonologistas medievais (pessoas que se especializaram no estudo dos demônios) escreveram enciclopédias inteiras, como “A
Chave Menor de Salomão”, o “Compendium Maleficarum”, a “História Admirável”, e o
“Pseudomonarchia Daemonum”, dedicados à classificação de demônios e suas atribuições.
Porém, conforme as pessoas se afastaram da crença nessas forças
malévolas, começaram a admitir a responsabilidade pelo próprio comportamento
maligno e foram deixando de lado as histórias referentes a entidades subversivas. Passou-se a dar menos importância a esse tipo de assunto.
Porém, minha visão sobre essas entidades é um pouco diferente e, como vim a saber posteriormente, em muito se assemelha à linha de pensamento seguida pelos Cristandelfianos.
Segundo eles, os demônios nada mais são do que deuses míticos da idolatria pagã.
Para saber mais a respeito dos Cristandelfianos (cuja existência confesso que até então desconhecia) acesse o link.
Segundo eles, os demônios nada mais são do que deuses míticos da idolatria pagã.
Para saber mais a respeito dos Cristandelfianos (cuja existência confesso que até então desconhecia) acesse o link.
Quando a Santa Igreja passou a expandir o território sob sua
influência e disseminar sua doutrina ela se deparou com costumes e crenças locais muito diferentes das dela. Entretanto, essas culturas (a maioria delas, milenares) possuíam pontos que eram
contrários ao que ela pregava, como, por exemplo, a poligamia e o politeísmo.
Como forma de sobrepor seu tipo de pensamento, além do uso da força
militar (como nas Cruzadas), a Santa Igreja também utilizou métodos mais sutis,
como classificar como demoníacas todas as divindades pagãs, de forma que as
pessoas deixassem de adorá-las.
Vários exemplos podem ser citados. Dentre as divindades adoradas pelos povos antigos e que foram consideradas demoníacas pela Santa Igreja temos as hindus Ganesh,
Shiva e Kali, as nórdicas como Odin, Baldur, Vili, Thor e Loki, as africanas como Anansi, as fenícias como Baalberith e Astarte, além das
babilônias, romanas, gregas, egípcias, maias, eslavas, chinesas, etc.
Os nomes de algumas delas, inclusive, ainda hoje servem como sinônimo
para Lúcifer ou outros “demônios menores” como no caso de Baalberith e Astaroth.
Um exemplo clássico é Baphomet, conhecido como "Deus-Bode", que é um clássico símbolo do ocultismo e adorado, por exemplo, pela Maçonaria. Entretanto, entre o povão leigo sua imagem está diretamente associada a mais uma representação de Satã, Lúcifer, ou algum outro demônio.
Porém, a Santa Igreja não se limitava a simplesmente doutrinar as pessoas segundo sua crença monoteísta, para reforçar suas intenções monopolizadoras da crença ela passou a reprimir os demais credos. Todo aquele que se dedicasse à adoração de qualquer divindade pagã (agora considerada demoníaca) era acusado de bruxaria e heresia.
Um exemplo clássico é Baphomet, conhecido como "Deus-Bode", que é um clássico símbolo do ocultismo e adorado, por exemplo, pela Maçonaria. Entretanto, entre o povão leigo sua imagem está diretamente associada a mais uma representação de Satã, Lúcifer, ou algum outro demônio.
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Baphomet |
Porém, a Santa Igreja não se limitava a simplesmente doutrinar as pessoas segundo sua crença monoteísta, para reforçar suas intenções monopolizadoras da crença ela passou a reprimir os demais credos. Todo aquele que se dedicasse à adoração de qualquer divindade pagã (agora considerada demoníaca) era acusado de bruxaria e heresia.
Para esses casos não havia perdão e, como forma de servirem de exemplo ao restante da população, as pessoas condenadas (chamadas de bruxas, feiticeiros ou simplesmente hereges) eram condenadas à morte na fogueira.
Por imposição da Igreja, através do uso da força e da doutrinação, a adoração aos antigos
deuses foi gradualmente sendo abandonada.
Não que ainda hoje não haja quem o faça, mas quem assim age normalmente é encarado com estranheza e até mesmo com discriminação pela sociedade, que ao longo dos séculos foi sendo condicionada à crença em um único Deus.
Não que ainda hoje não haja quem o faça, mas quem assim age normalmente é encarado com estranheza e até mesmo com discriminação pela sociedade, que ao longo dos séculos foi sendo condicionada à crença em um único Deus.
Hoje, mesmo no mundo ocidental, existem religiões que seguem caminhos que nada tem a ver com os
dogmas cristãos, como os Wiccans, por exemplo, e embora muita gente não os veja
com bons olhos, possuem a liberdade de acreditar naquilo que lhes tranquiliza o espírito sem o perigo de sofrerem retaliações por parte de outras religiões.
Algumas doutrinas acreditam não na existência de demônios, mas sim, na
de entidades espirituais que se comprazem em induzir pessoas a cometerem atos
degradantes, deleitando-se com isso, como é o caso dos Kardecistas. Para eles
não se tratam de demônios, mas sim de espíritos de pessoas já falecidas que,
por algum motivo, se recusam a seguir para outros planos existenciais e
preferem permanecer junto às pessoas, influenciando-as de forma negativa.
O tipo de visão e a crença na existência de demônios depende muito da
religião seguida. Para algumas delas eles existem (mesmo com características diferentes daquelas com as quais estamos acostumados) mas para outras, não.
No caso do cristianismo, a meu ver, demônios jamais existiram e a
disseminação da crença sobre eles não foi nada além do que uma forma de afastar
as pessoas de suas crenças originais e adotarem o monoteísmo por ele pregado.
Resumindo: aquilo que hoje muitas pessoas chamam de demônios nada mais
são do que antigas divindades, boas e más, que são conhecidas por essa alcunha
por imposição do cristianismo.
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